sábado, 8 de março de 2008

Explica-me Como Se Fosse Estupidamente Burro

1.
Era uma vez o espaço...
Quer dizer, não era bem um espaço, era mais uma zona aberta. Quer dizer, também não era para todos, só para pessoas mais adultas. Adultas, enfim, mais crescidas. Mas crescidas de corpo. Quer dizer, algumas até são abençoadas. Abençoadas é como quem diz, ninguém rezou para aquilo aparecer, aquilo cresceu de repente. De repente mas devagar, assim como quem não está à espera da coisa e dá-se um milagre. Um milagre mais ou menos, é mais uma surpresa de natal ou de um feriado qualquer, uma coisa rara que depois se torna um mito. Quer dizer, uma coisa pequena que aparece nalguns livros para relatar a história do mundo.

2.
Já agora, por falar em história estava a dizer "era uma vez".
Mas também não sei se isto foi só uma vez ou se repetiu.
Isto interessa às crianças pois se já aconteceu mais do que uma vez perde o interesse e já está fora de moda e as crianças querem coisas de agora não é coisas contadas no ano passado.
Quer dizer, contadas ou vistas pois agora com os jogos, a televisão e os filmes já existe muita coisa que eles conhecem.
Para isso também era preciso que eles estivessem atentos, o que muitas vezes não acontece. Atentos assim do estilo olhar com curiosidade e ficar interessado, não é olhar para a frente e para o lado logo a seguir como quem está aborrecido e que ver algum programa. Têm de querer interpretar o que se vê.
Não é interpretar no sentido de traduzir de inglês para português. É mais de ver uma coisa e dizer o que significa e como a compreende junto com outras coisas. Bem, ele também dizem coisas que não compreendem portanto isto é um bocado traiçoeiro.
Mas também não podemos deixar entender que não sabemos pois se as criancinhas se apercebem perdemos a autoridade. Mas também não é autoridade rígida, é uma coisa assim mais leve. Mas também não é muito leve, é assim mais do meio termo. Uma coisa mais entre não bater e enxotar as moscas quando se bate. É mais ou menos como dar uma palmadinha mas com um pano à volta para não doer muito.

3.
Agora que meditei até acho que isto nem é um pequeno conto é mais uma explicação.
Ia contar o quê? Por exemplo podia falar da Branca de neve e os sete parvalhões que só dizem "eu vou, eu vou, levar na corneta eu vou?". E já todos conhecem a Gata Borradeira ou como é que ela se chama. Essa bem podia juntar-se com o gato das botas e pirar-se. E o João e A Maria já se sabe: comem chocolates e ficam com cáries. Nem precisam da bruxa, o dentista faz a vez de malvado.
Estas duas últimas histórias são como as telenovelas, mudam um pouco e já está. Já sabemos que o Adão e a Eva levam com uma maçã. A Branca de Neve entola-se com a maçã (devia ser a mesma do Adão e Eva, rais te parta a macã!).
A Cinderela passou por vários argumentistas e a história foi alterada por questões monetárias: primeiro a boazinha atirava com uma maçã na cabeça do príncipe à meia-noite pois ele queria brincadeira. Depois passou a atirar um sapato de cristal caríssimo. Más notícias para o actor que faz de príncipe.
O Robin dos Bosques, mais tarde, passou a fazer par com o Batman, formando uma dupla musical de sucesso intitulada "Batman e Robin", trocando a maçã por morcegos.

Conclui-se então que está tudo interligado. Os miúdos sabem isto de cor, não vale a pena estarmos a chateá-los com coisas do ano passado. Só me dou razão a mim próprio. Tenho dito.

Autoria: Navegador
Data: Dezembro de 2005

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